Hugo Barra, o vice-presidente
mundial do Google e responsável pelo Android, falou hoje cedo no palco do INFOTRENDS
sobre o futuro da computação móvel. Essa é uma conversa que a gente tem dia
sim, dia não aqui no Tecnocenter: que tipo de tecnologia
teremos no futuro? Quanto tempo demora até o smartphone se tornar obsoleto?
Viveremos num mundo em que humanos animais inteligentes e máquinas precisarão
aprender a conviver?
Hugo Barra disse que não acredita
que as máquinas nos dominarão no futuro. Mas que estamos num momento de
revolução, no qual o futuro da tecnologia está se formando bem diante dos
nossos olhos.
Não precisa olhar nem um pouco
longe para ver que isso não é clichezão de executivo. A tecnologia evolui
exponencialmente; ou seja, o próximo grande salto ocorrerá na metade do tempo
do anterior, que ocorreu na metade do tempo do anterior a ele. Há dois ou três
anos, quantas pessoas que você conhece tinham smartphones? Hoje, já temos os
primeiros donos de Google Glass passeando com ele pela rua.
O Glass, aliás, é, para Hugo, uma
grande representação dessa revolução. Ou de uma das partes dela: a primeira se
dá em software e a segunda, em hardware.
No software, temos a inclusão
massiva da nuvem e de sistemas inteligentes – literalmente, já que imitam o
cérebro na maneira de reconhecer padrões para, eventualmente, aprender a
resolver sozinhos os problemas que surgirem.
No hardware, a nova fase está entre
nós de uma forma um pouco mais clara. Ela reside essencialmente na máxima de
que qualquer um pode criar seu próprio hardware de forma barata e simples, sem
sair de casa. Para isso, as impressoras 3D estão com preços relativamente
baratos (e ficarão ainda mais), assim como Raspberry Pi e Arduino, que permitem
montar praticamente qualquer coisa. Some tudo isso à cultura do open source e
temos um ambiente pronto para receber novos talentos e ideias. Para expandir,
há o crowdfunding, que já deixou de ser coisa de hipster há um bom tempo.
Unindo a nova era do software com a
nova era do hardware, surge uma nova área: a de ambient computing, ou seja, a
computação totalmente integrada ao nosso ambiente, a nosso serviço, resolvendo
nossos problemas, às vezes até antes que possamos tê-los.
Alguns exemplos: o Tile, um gadget
que se comunica via Bluetooth com o smartphone para encontrar objetos perdidos.
Com a adesão massiva (que só pode ser obtida com o baixo custo da peça, ou seja,
produção em massa, financiada via crowdfunding), pode se formar uma espécie de
rede que ajuda, por exemplo, no caso de rubos; quando alguém que utilize o app
passa perto de uma peça, ela usa o smartphone dessa pessoa como uma espécie de
pivô para enviar sua localização ao dono. Outro é o Botanicalls, que consiste
em um “novo canal de comunicação entre plantas e humanos”. Uma placa é colocada
junto à planta para avaliar como estão seus “sinais vitais”; ao precisar ser
regada, por exemplo, a planta envia um tuíte ou liga para o dono avisando.
Quando comentei aqui no Tecnocenter
sobre a palestra, foi reacesa a discussão sobre o futuro da tecnologia. E, com
os tópicos abordados nela, surgiu um novo questionamento: até onde é bom que a
tecnologia nos ajude?
Quer dizer, o cérebro precisa ser
estimulado para se desenvolver ou pelo menos não “atrofiar”. E já confiamos
tarefas demais para nossos dispositivos móveis e para a nuvem. Algo que
aconteceu comigo essa semana e serve de exemplo: esqueci do aniversário do meu
pai porque, primeiro, ele não está no Facebook; segundo, eu nunca sei que dia é
hoje, já que consigo essa informação apenas olhando para o cantinho da tela,
então não me importo em memorizar.
Talvez a tal dominação das máquinas
do começo do texto não tenha tanto a ver com os filmes de ficção científica,
mas mais com um tipo de dependência voluntária que desenvolvemos da computação.
E que, segundo as previsões de Barra, só irão aumentar. Será que isso é bom?
Estamos pensando em fazer um TB
Cast debatendo esse tema e falando do que nós mesmos esperamos do
futuro. Deixe sua opinião aqui nos comentários para nos ajudar a montar a pauta
e, quem sabe, ter seu comentário lido no podcast.
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